Projeto de extensão Gwata promove atividade com Indígena Guarani no campus Vila Velha
No dia 24 de abril, foi realizada mais uma atividade do projeto de extensão “Gwata: o percurso dos saberes entre Aldeias Guarani e o Ifes”. Na ocasião, houve uma palestra com o indígena Guarani Rodrigo Karaí, Vice-Cacique da Aldeia Piraquê-Açu, para os estudantes e servidores do campus Vila Velha. Essa atividade contou com apoio do Núcleo de Arte de Cultura (NAC) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do referido campus.
No evento, Karaí-Mirim fez uma exposição sobre a história e a cultura do povo Guarani. Falou ainda sobre o seu trabalho com etnoturismo na Aldeia Temática. Os alunos ficaram curiosos e realizaram diversas perguntas à liderança indígena, o que permitiu um diálogo rico sobre o modo de vida dos indígenas na atualidade e a diversidade dos povos indígenas no Brasil.
Além da conversa com os estudantes, a atividade também contemplou a exposição de artesanatos e pintura corporal.
O projeto de extensão “Gwata: o percurso dos saberes entre Aldeias Guarani e o Ifes” está em seu segundo ano. O seu objetivo é, por um lado, contribuir com a discussão sobre a temática indígena dentro dos campi do Ifes e, por outro, fortalecer o etnoturismo indígena desenvolvido pela Aldeia Piraquê-Açu. Por isso, tal atividade conta com duas ações básicas: a palestra com os indígenas Guarani e a visita técnica dos estudantes à Aldeia Temática, um espaço organizado para receber turistas e que possui diversas atrações como trilhas ecológicas e o coral de mulheres Guarani.
No ano passado, o projeto contou ações em parceria com os campi de Cachoeiro, Ibatiba e Vitória. Para este ano, estão previstas parcerias com os campi de Vila Velha, Santa Teresa, Viana e Serra.
Rodrigo Karaí-Mirim ressaltou a importância de ir até os campi do Ifes falar sobre sua cultura:
“Então, para nós, é importante irmos até a ‘Universidade’ (Ifes) falar um pouco do nosso trabalho e da cultura indígena. Seria melhor ainda se os estudantes fossem lá conhecer a Aldeia Temática, conhecer uma aldeia indígena, como a gente se organiza e faz o nosso trabalho dentro da Aldeia.”
A equipe do projeto de extensão é composta pelos professores Glaudertone Barcéllos e Thalismar Gonçalves e pela estudante de Química Industrial, e bolsista de Iniciação à Extensão, Gislaine Ribeiro.
Um dos pontos altos da atividade da última quarta-feira no campus Vila Velha foi a leitura de um poema elaborado pela aluna Vivian Lee, sobre a situação dos povos indígenas no Brasil. Segue abaixo a descrição do poema:
Mudo Índio
Meu cacique, o índio não tem voz pra falar
Tomam nossas terras e a tribo não se cala:
Onde vamos morar?
Não quero ir pra cidade me adaptar
Minha tribo, meus costumes, minha aldeia é o meu lar
Minha aldeia é o meu lar
Se as terras eram nossas, por que hão de nos tirar?
Nos converter a força
Nos catequizar
Com espelhos e miçangas nos manipular
E uma nação única, diversificada
Vai ser acabada por uma pátria
barbarizada, "barbiezada"
E uma nação única, diversificada
Vai ser acabada por uma pátria
barbarizada, "barbiezada"
Meu cacique, eu sósei falar português
Desaprendi minha língua pra virar freguês
Pra virar freguês
Sou parte da nação, não vão me ignorar
Retiram nosso ar, mas ainda vamos respirar
Peixe fora d'água lutando pelo mar
E uma nação única, diversificada
Vai ser acabada por uma pátria
barbarizada, "barbiezada"
E uma nação única, diversificada
Vai ser acabada por uma pátria
barbarizada, "barbiezada"
Uma mão segura a outra e não irá soltar
Caia ódio, mas juntos vamos perseverar
Enquanto houver voz, não vamos nos calar
Vivian Lee
Texto e fotos: equipe do projeto
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