Projeto Gwata promove debate sobre os povos indígenas no campus Santa Teresa/ES
O Projeto de extensão “GWATA: O percurso do conhecimento entre aldeias Guarani e o IFES” promoveu mais uma atividade na quarta-feira, dia 05 de junho, no campus de Santa Teresa. O projeto se propõe, de um lado, contribuir com a discussão sobre a temática indígena nos campi do Ifes e, de outro, fortalecer o etnoturismo indígena desenvolvida pela Aldeia Guarani Piraquê-açu.
O professor Thalismar, coordenador do projeto, e a graduanda de Química Industrial Gislaine Ribeiro, bolsista de extensão, iniciaram a atividade a partir de uma contextualização sobre a realidade dos povos indígenas no Brasil e, em particular em Aracruz. Em seguida, a fala principal ficou por conta de Rodrigo Karaí-Mirim e Walter Karaí-Djekupe, da Aldeia Piraquê-Açu. As lideranças Guarani abordaram diversos temas com os estudantes de Santa Teresa como a história, os aspectos culturais e a concepção de natureza para o povo Guarani.
A curiosidade dos estudantes em relação a temática indígena potencializou o diálogo intercultural com os indígenas Guarani de Aracruz. Os jovens realizaram diversas perguntas a Karaí-Mírim e Karaí-Djekupe relacionados ao papel das mulheres nas Comunidades Guarani, às atividades econômicas, à religião, entre outros temas.
O evento contou ainda com a exposição de artesanatos e pintura corporal Guarani, que despertou grande interesse por parte dos presentes no auditório do Ifes Santa Teresa.
Para a aluna Ivy Renon, do curso técnico em Meio Ambiente, a atividade foi muito construtiva:
“Conhecimento nunca é demais, principalmente, quando se trata de diferentes culturas. É importante conhecermos esses povos que se encontram tão próximos de nós, mas tem muito o que nos ensinar. Abriu meus olhos para uma realidade que eu ignorava e que não tinha nenhuma noção de como era.
Consegui aprender um pouco sobre os problemas enfrentados por eles, as tradições, como as dos rituais de passagem para meninos e meninas. Aprendi sobre as lendas, a forma de se alimentar, a questão matrimonial que tem como consequência a alta taxa de natalidade da tribo, entre várias outras coisas que só despertaram em mim o desejo por conhecer mais a fundo essa cultura e a forma de vida dessas pessoas”
Já o estudante Humberto Vieira destacou a importância do contato com indígenas para desconstruir visões estereotipadas:
“O encontro proporcionou uma troca direta de culturas. Foi possível ver e ouvir representante dos povos indígenas, entendendo-os e tirando estereótipos os povos originários do Brasil. É de extrema importância, ainda mais na atual conjuntura política, estreitarmos os laços com movimentos sociais que buscam a manutenção e as conquistas de direitos fundamentais para a vida.”
O professor de geografia Tiago Dalapicola ressaltou a curiosidade dos estudantes sobre a cultura indígena e como os conhecimentos tragos pelos indígenas Guarani pode ajudá-los em diferentes dimensões da vida.
“A oferta do Campus Aracruz em trazer até nós os representantes da comunidade Guarani (aldeia Piraque-açu) para palestra foi muito bem vinda. O momento, do ponto de vista institucional, abrilhantou a culminância de um projeto interdisciplinar sobre migração e etnocentrismo. Entretanto, foi o estreito contato com os guaranis que mais enriqueceu o repertório dos alunos. Muitas dúvidas e curiosidades foram postas, e os guaranis prontamente responderam a elas. As questões versaram sobre organização das comunidades, rituais e tradições, fontes de renda, abertura para visitação, relações com o mundo fora das aldeias, etc. Não houve tempo suficiente para toda a curiosidade dos alunos. Como professor, creio que a ponte estabelecida nessa oportunidade será aproveitada pelos alunos em outras partes de suas vidas, quando serão confrontados com outras prismas da diversidade, e assim saberão ter um olhar diferenciado, despido das lentes tradicionais. Pretende-se dar vida à segunda parte do projeto, oferecendo aos alunos a possibilidade de visitar a comunidade guarani de Aracruz.”
Além da visita da equipe do projeto de extensão aos campi do Ifes, uma outra ação prevista é ida dos estudantes e professores à Aldeia Temática Tekoá Mirim, localizada na Aldeia Piraquê-Açu. Essa estrutura foi criada a partir da produção do filme “Como a noite apareceu” de 2010. É um ambiente preparado para receber turistas com roteiro de etnoturismo: trilha ecológica na Mata Atlântica, passeio de caiaque pelo rio Piraquê-Açu, dança do guerreiro “Xondaro”, roda de conversa com o Cacique da Aldeia, pintura corporal, apresentação do Coral Guarani e exposição de artesanato. Apesar dos problemas financeiros decorrentes do anúncio dos cortes no orçamento do Ifes, o professor Tiago Dalapícola buscará meios de levar os alunos a Aracruz no início do segundo semestre.
No mês de julho a equipe do projeto Gwata irá até o campus Serra. Para o segundo semestre está prevista ainda atividades no campus Viana e também no próprio campus Aracruz.
Registro fotográfico: Ivy Renon
Texto: Equipe do Projeto
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