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Bate Papo sobre: Tristeza e Depressão

Aproveitando o ensejo do primeiro bate-papo sobre saúde mental (confira aqui), daremos continuidade à abordagem do tema. Dessa vez, iniciaremos um diálogo sobre tristeza e depressão. Será que existem diferenças entre as duas condições?

A psicóloga do campus, Laize Dalla Bernardina Monteiro, explica que sim. “Partimos da compreensão da vida como um processo não linear e atravessado por múltiplos fatores, que farão parte da nossa constituição enquanto sujeitos. Isso implica dizer que durante a vida todos experimentaremos um leque enorme de sentimentos, incluindo a tristeza. Todos nós já nos sentimos fragilizados, quando, por exemplo, construímos expectativas em relação a algo que queríamos muito, mas que não se concretizou, ou quando nos magoamos com pessoas que gostamos, ou mesmo em condições mais extremas, como a perda de familiares, amigos, etc., dentre outros exemplos que poderíamos citar. ”

Nesse sentido, explica Laize, “sentir-se triste é saudável. Precisamos expressar o que sentimos frente às circunstâncias da vida, e a tristeza faz parte. Inclusive, não só faz parte, como pode ser um elemento importante para nos repensarmos e questionarmos nossa postura diante das situações que se apresentam, e então, a partir disso, construirmos novos caminhos e possibilidades de enfrentamento das questões cotidianas. ”

Desse modo, “a tristeza, o choro, o recolhimento manifestado por alguns – sim, as pessoas manifestam os sentimentos de formas diferentes! - são absolutamente saudáveis e importantes. Fazem parte do processo que é viver”, afirma.

Em relação à depressão, “a primeira questão que precisamos esclarecer é que, embora haja um conjunto de sintomas comuns às pessoas que enfrentam essa condição, não podemos desconsiderar que cada ser humano é singular, e que, portanto, vivenciará também de forma singular a problemática. Então, não necessariamente o sintoma presente em uma pessoa, também aparecerá do mesmo modo na outra. Daí a necessidade de procurar um profissional qualificado, com condições de realizar uma escuta baseada na história e no contexto de vida do indivíduo. ”

Laize pontua que “os sintomas da depressão podem envolver a perda significativa de prazer e sentido em relação às questões da vida, sentimentos acentuados de tristeza, vazio e/ou desesperança, diminuição da energia vital, alterações no sono e peso, sentimento de culpa, inadequação, inutilidade, pensamentos de morte, prejuízo considerável no que diz respeito às áreas importantes da vida, como os relacionamentos, as questões profissionais, escolares. ”

Esses sintomas, esclarece Laize, “precisam ser manifestados pelo indivíduo durante a maior parte do dia, e em quase todos os dias da semana”. Dessa forma, “quando falamos em depressão, não estamos nos referindo a um mal-estar pontual, que ocorre vez ou outra, causado por um dia ruim, por exemplo. Estamos falando de uma condição que traz prejuízos consideráveis e prolongados à vida das pessoas”

Nesse sentido, é muito importante esclarecer que depressão “não é frescura, falta de fé, etc., como comumente escutamos dizer por aí. Retomo a ideia de uma fala que fiz no primeiro bate-papo – alguém se sente constrangido por apresentar dores na coluna? A origem dessa dor é atribuída à frescura ou à falta de fé? Não! Então por que a depressão, por exemplo, e as questões que envolvem a saúde mental de uma maneira geral são tratadas dessa forma? Saúde mental é uma parte da saúde que também precisa ser cuidada!

“O sofrimento é imensurável, mas o fato de não podermos medi-lo não faz dele inexistente ou passível de ser negligenciado ou considerado menos importante. Muitas vezes, aquilo que uma pessoa consegue lidar com tranquilidade, não é vivenciado dessa mesma maneira por outro indivíduo. Precisamos acolher e respeitar que somos diferentes”, finaliza.

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